terça-feira, 10 de março de 2009

Costumes do liceu

O primeiro de Dezembro

Foi outrora na cidade mais dos estudantes do que festa nacional.
Recordamos as «troupes» de capa e batina, a moca ordenada de fitas ao gosto das raparigas, os galinheiros que se esvaziaram por motivo das ceias académicas, as agitações barulhentas de toda as ruas e durante todo o dia, os policias que perderam a paciência, os professores que, nesse dia, não tinham autoridade.

O solene Te Deum


O dia primeiro de Dezembro começava com acto solene na Sé Catedral: o TE DEUM.
Os estudantes de capa e batina, cansados da ceia do dia anterior, não faltavam ao primeiro acto das celebrações festivas. O enorme espaço da Sé de Braga tornou-se pequeno, não poucas vezes, para os estudantes e para o povo. Que bela musica foi executada pelo orfeão dos seminários. O TE DEUM desse dia era efectivamente um número indispensável nas celebrações académicas. Aí se juntavam antigos e modernos, todos quantos falavam a linguagem da escola ou da história. Aí se juntavam todas as instituições de ensino. Aí Braga estava presente. Era um número indispensável das celebrações académicas.

Récita de gala

Lembramos a récita do Teatro Circo feita com toda a preparação, com muita competência, e sobretudo com a solenidade que merecia; era efectivamente uma récita de gala, era mesmo um regalo para a cidade que enchia o teatro por completo. Não faltara quem se reveja presente neste pequeno programa que aqui deixamos.



















Os cortejos Históricos



Depois havia os cortejos históricos que aglutinavam à sua volta o mundo todo através de todas as ruas da cidade. Cortejo Histórico se lhe chamou, festa dos estudantes era, e tanto que nesta pequenina amostra que se segue muitos vão recordar e reviver.



Festa dos Caloiros e das Bichas

O diário do Minho, em 11 de Junho de 1941 dava em título a seguinte noticia: FESTA ANUAL DOS ALUNOS DO 1º E 2º ANOS. E fazia as seguintes referências: como é do domínio público realizou-se no sábado à noite a já tradicional festa dos «caloiros» e das «bichas». O teatro Académico, vistosamente engalanado e com a lotação hiperesgotada, oferecia um aspecto imponente.
Depois de fazer referência aos vários números do espectáculo termina com esta apreciação: estão, pois, de parabéns as simpáticas «caloiras» e «bichas» pelo formosíssimo espectáculo que nos proporcionaram…
O mesmo jornal diário, em 11 de Junho de 1943, fez uma reportagem completa da tradicional festa dos «caloiros» e das «bichas» à qual assistiram professores, alunos e as suas respectivas famílias.

O enterro da Gata

Não vamos saber nunca mais a razão certa por que perderam os alunos as suas tradições, sobretudo esta. Tal era a sua projecção, tão grande foi o esmero com que executavam o TESTAMENTO e o CORTEJO, que se tornaram número quase obrigatório da vida da sociedade bracarense.

O testamento

Para além de ser uma prova da capacidade de versejar e do estro poético de alguns alunos, era sobretudo uma temível arma de crítica – sempre feita com dignidade – certeira e cáustica na sua independência. Arma que os estudantes brandiam contra as injustiças, as falsidades, as situações desajustadas fossem da escola, fossem do burgo bracarense.

O cortejo

Então o cortejo do enterro da gata era sempre um espectáculo que movimentava as multidões. Ruas por onde o cortejo passasse apinhavam-se aí as multidões vindas de toda a parte. Certo que não eram saborosas aquelas sátiras, algumas contundentes, mas sempre escritas com a propósito e até alguma elegância. Não precisaram nunca os estudantes do Sá de Miranda perder compostura ou descer na sua dignidade para fazer um cortejo que muitas vezes se transformou num espectáculo de rara beleza. Aliás o aprumo com que se comportavam era-lhes exigido pela tradicional marcha académica que tão bem sabia respeitar.
Verdade que a vigilância dos professores encomendada pelo reitor se esforçava por que não saíssem frases «inconvenientes» nos muitos carros alegóricos do cortejo. Mas também recordamos que sempre os estudantes, firmes e independentes, arranjaram modos de inutilizar os «polícias». Tudo quanto tivesse sido planeado, nos dísticos ou nas personagens do cortejo, tinha de aparecer no lugar apropriado.
Como gostaríamos de ver restauradas, para honra da instituição, para valorização dos estudantes, para gáudio da cidade, as tradições académicas do Liceu de Sá de Miranda.

As serenatas

Podiam lá os estudantes de Braga dispensar as serenatas!
Herdeiros de tão largas e ricas tradições, conscientes da situação académica a que pertenciam, orgulhosos da sua capa e batina que foi traje de estudante, senhores do enorme prestígio que era pertença do seu mundo estudantil, os alunos do Sá de Miranda fizeram serenatas, cantaram fados de outras origens, cantaram-nos a seu modo, fizeram as serenatas de Braga.


Estas referências foram retiradas de um livro que nos fala do liceu nacional de Braga, neste livro podemos encontrar várias referências aos mais diversos assuntos referentes à evolução do liceu.
Assim foi neste livro que encontramos as referências ao enterro da gata na altura.

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